sexta-feira, março 03, 2006

Foi assaltado? Mais sorte da próxima vez!

Então, foi mais ou menos assim (pelo menos, as partes das quais eu me lembro).
Saí de casa umas 10h45, fiz o mesmo caminho de sempre para chegar até nossa querida e aconchegante redação (foda-se o lide). Fazer o mesmo caminho de sempre significa passar embaixo do Minhocão e ir até o Terminal de Ônibus Amaral Gurgel, onde existe um simpático farol. Eu nunca pensei que pudesse ser assaltada ali, ainda mais às 11h da manhã, ainda mais ontem (a verdade é que sempre achei que nunca seria assaltada).
Enfim, estava calor (33ºC segundo o termômetro da Pacaembu), o vidro estava meio fechado, o farol continuava vermelho. Daí por diante, tudo são flashes...é meio surreal...
"Surgiram", gritando na minha janela, um menino de no máximo 11 anos e um homem novo. Passa isso, passa aquilo, dá dinheiro, a frente do rádio. (não sei, mas tenho a nítida impressão de que riam). Pedi calma. Pedi para não levarem o rádio. Abri a bolsa, abri a carteira e dei o dinheiro. R$ 10, era tudo que tinha.
O menino saiu correndo. O homem, com os cabelos compridos e tingidos de loiro, colocou os braços dentro do carro para tirar a frente do rádio. Mais uma vez, pedi que não e estiquei os braços para segurar o rádio. Ele também saiu correndo.
O carro não quis funcionar, não morreu, mas não saia do lugar. Tentei de novo e ainda parei no próximo farol. Quando caiu a ficha, caí no choro.
A primeira pessoa a me consolar foi o H. (que visita o blog e vai saber que é dele que estou falando, mas vocês não precisam saber), não esperava afeto suficiente, mas ele me abraçou e perguntou se estava tudo bem (e, de verdade, estou muito agradecida. Obrigada). JJ chegou e me deu um copo d´água.
Achei, por bem e porque é meu direito de cidadã, que deveria procurar uma base policial. Confiante, de verdade, de que receberia algum tipo de orientação, um consolo. Nada, o guarda perguntou se estava de vidro aberto. Disse que sim. E ele respondeu: Então...Mandou ter mais cuidado e desejou sorte para a próxima vez.
Como assim!? Como assim!? Então, a culpa é minha? A culpa é minha de ter sido assaltada? Não é da falta de uma política social efetiva e de policiamento eficaz? Essa é a parte que mais de revolta. Mas, tudo bem, da próxima vez, eu terei mais sorte... quem sabe eles levam só R$ 0,10?

3 Comments:

At março 03, 2006 4:06 PM, Anonymous Anônimo said...

Era melhor ter chamado o Chapolin Colorado!
=*

 
At março 03, 2006 4:41 PM, Anonymous Anônimo said...

Passei por essa emsma indignação.. mas pior: o "a culpa é sua" veios dos próximos... sem o abraço fraterno de apoio.....
Está em "Perdi, mas não esculacha", em http://deborahcaramico.blog.uol.com.br/arch2005-03-01_2005-03-31.html

 
At março 03, 2006 8:26 PM, Anonymous Anônimo said...

É muito triste a nossa realidade, mas, infelizmente, assaltos nesta cidade são muito comuns. Principalmente para pessoas, como nós, que andamos todos os dias pelo centro velho, quase na Cracolândia. O pior é que esses moleques nada têm a perder. É bom a gente não querer reagir porque eles podem nos matar por uma nova latinha de cola ou uma pedra de crack. É muito triste saber que crianças já vivem desta forma. Duvido que elas tenham solução. É muito triste ter a vida arruinada aos 12 anos. E pensar que uma política de educação sexual seria tão mais barato para o Estado.

 

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