Foi assaltado? Mais sorte da próxima vez!
Então, foi mais ou menos assim (pelo menos, as partes das quais eu me lembro).Saí de casa umas 10h45, fiz o mesmo caminho de sempre para chegar até nossa querida e aconchegante redação (foda-se o lide). Fazer o mesmo caminho de sempre significa passar embaixo do Minhocão e ir até o Terminal de Ônibus Amaral Gurgel, onde existe um simpático farol. Eu nunca pensei que pudesse ser assaltada ali, ainda mais às 11h da manhã, ainda mais ontem (a verdade é que sempre achei que nunca seria assaltada).
Enfim, estava calor (33ºC segundo o termômetro da Pacaembu), o vidro estava meio fechado, o farol continuava vermelho. Daí por diante, tudo são flashes...é meio surreal...
"Surgiram", gritando na minha janela, um menino de no máximo 11 anos e um homem novo. Passa isso, passa aquilo, dá dinheiro, a frente do rádio. (não sei, mas tenho a nítida impressão de que riam). Pedi calma. Pedi para não levarem o rádio. Abri a bolsa, abri a carteira e dei o dinheiro. R$ 10, era tudo que tinha.
O menino saiu correndo. O homem, com os cabelos compridos e tingidos de loiro, colocou os braços dentro do carro para tirar a frente do rádio. Mais uma vez, pedi que não e estiquei os braços para segurar o rádio. Ele também saiu correndo.
O carro não quis funcionar, não morreu, mas não saia do lugar. Tentei de novo e ainda parei no próximo farol. Quando caiu a ficha, caí no choro.
A primeira pessoa a me consolar foi o H. (que visita o blog e vai saber que é dele que estou falando, mas vocês não precisam saber), não esperava afeto suficiente, mas ele me abraçou e perguntou se estava tudo bem (e, de verdade, estou muito agradecida. Obrigada). JJ chegou e me deu um copo d´água.
Achei, por bem e porque é meu direito de cidadã, que deveria procurar uma base policial. Confiante, de verdade, de que receberia algum tipo de orientação, um consolo. Nada, o guarda perguntou se estava de vidro aberto. Disse que sim. E ele respondeu: Então...Mandou ter mais cuidado e desejou sorte para a próxima vez.
Como assim!? Como assim!? Então, a culpa é minha? A culpa é minha de ter sido assaltada? Não é da falta de uma política social efetiva e de policiamento eficaz? Essa é a parte que mais de revolta. Mas, tudo bem, da próxima vez, eu terei mais sorte... quem sabe eles levam só R$ 0,10?
3 Comments:
Era melhor ter chamado o Chapolin Colorado!
=*
Passei por essa emsma indignação.. mas pior: o "a culpa é sua" veios dos próximos... sem o abraço fraterno de apoio.....
Está em "Perdi, mas não esculacha", em http://deborahcaramico.blog.uol.com.br/arch2005-03-01_2005-03-31.html
É muito triste a nossa realidade, mas, infelizmente, assaltos nesta cidade são muito comuns. Principalmente para pessoas, como nós, que andamos todos os dias pelo centro velho, quase na Cracolândia. O pior é que esses moleques nada têm a perder. É bom a gente não querer reagir porque eles podem nos matar por uma nova latinha de cola ou uma pedra de crack. É muito triste saber que crianças já vivem desta forma. Duvido que elas tenham solução. É muito triste ter a vida arruinada aos 12 anos. E pensar que uma política de educação sexual seria tão mais barato para o Estado.
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