domingo, setembro 11, 2005

Raça Ruim

O motivo desses posts aparecerem aqui depois de meses sem atualização é um só: Plantão. Pessoas, não queriam ser jornalistas. Dá muito trabalho, e o retorno financeiro é pequeno, não cobre o preço do plano de saúde (e você vai precisar de um plano de saúde). Além disso, jornalista é uma raça muito ruim. Quase tão ruim quanto os advogados (ó, me processem!).
Mas, se mesmo assim, em um momento de pura insanidade, você decidir ser jornalista. Existem algumas coisas que você precisa saber:


Em primeiro lugar, é importante estar conformado desde o começo:
TODO jornalista é picareta, mentiroso e inventa coisas que não aconteceram.
"Menti, menti, menti", dizia Jason Blair, o repórter o New York Times que
inventava notícias (google de J.B. para você).

Você não vai mudar o mundo. Não vai ficar famoso e viver uma vida de
glamour. Arrumar emprego não é fácil. Assessores, que praticamente não são
jornalistas, ganham muito melhor, mesmo com um trabalho mais fácil. Além disso, eles NÃO COLABORAM com o seu trabalho (não, vocês não colaboram). Você vai
trabalhar feito um maluco, ter que dar plantão e não vai ganhar tão bem como um
médico e, sim, pode ser que tenha que ver cadáveres.

Jornalistas são prepotentes, arrogantes, acham que sabem tudo do mundo. Mesmo assim, você é respeitado por saber falar o que não conhece. Todo mundo pensa que é um profissão sensacional. Você ainda acha que pode exercer uma influência positiva em alguém.

Ah! Bebem café adoidado, são alcoólatras, fumam feito chaminés e posicionam-se a favor da legalização da maconha (não estou dizendo que sou contra). Gostam de samba-rock, de Chico Buarque, de cinema cult iraniano, de filmes que ninguém assiste. Odeiam Hollywood, a TV Globo, a instituição familiar, a Alca e, principalmente, PSDB e PMDB.

Jornalistas são mal comidos e não têm tempo para o amor. Odeiam criancinhas. Vestem-se mal e dizem que são modernos.

Dicas importantes.

  • Leia: Notícias do Planalto, 1984, o Mito da Caverna de
    Platão, Nití (que eu não sei escrever), Chatô, A Sangue Frio, os do Caco
    Barcellos, os do Garcia Marques, José Saramago.
  • Saiba o que é e não esqueça: LIDE, Escola de Frankfurt, Sociedade do Espetáculo, Indústria Cultural e Cultura de Massa.
  • Assista: Cidadão Kane, A montanha dos sete abutres, quantos puder do Kubrik e do Felini, Edukators, Elefante, algum do Kurosawa.
  • Tenha em casa: Manual de redação da Folha (mas eu gosto mais do do Estado).

Jornalismo é legal, utópico. Eu amo jornalismo, mesmo odiando todos os atributos negativos que vêm com ele.

1 Comments:

At setembro 15, 2005 7:17 PM, Anonymous Anônimo said...

Não tem jeito, isso aqui é um vício. Uma vez mordida pelo bichinho da redação é contaminação na certa. Cris

 

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